terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A estrada de vidro .

Há um tempo atrás mudei de rumo, peguei uma estrada de vidro, me parecia bastante segura na época. Eu gostava tanto dela, eu amava tanto você... Eu havia escolhido aquele caminho por nós, e fui fortificando-o com a felicidade que você me transmitia. Porém chegou uma hora em que você seguiu e eu fiquei para trás, foi aí que a verdade apareceu e o vidro que já estava rachado por saber que você partiria, se rompeu. E eu? E o amor que tinha com seu nome entalhado em meu peito? Como ficaríamos? Eu não sabia o que fazer, a única coisa que eu sabia é que não podia ficar onde estava, a dor me corroeria. Então resolvi seguir, achava que não poderia piorar... Eu estava enganada. Sem você a estrada à diante era só um infinito de cacos, os de vidro e os do meu coração. E eu corria ferindo meus pés e meu corpo com alguns tombos, corria a procurar por um porto seguro. Percebi que toda a estrada estava destruída, limpei o sangue que escorria e disse a mim mesma: Você precisa recomeçar, mais amor próprio menina! Parei ali mesmo e comecei a catar os cacos que estavam sob o chão, me pus a tentar construir um porto seguro pra chamar de meu. Demorei alguns meses, mas consegui, consegui não pensar em você. Com o meu porto seguro concluído, era tempo de reconstruir e ressuscitar meu coração, perdi mais alguns meses até que começasse a cicatrização. E logo que ela começou eu soube, soube que nunca deixara de te amar, mas isso não importava. Com metade do coração cicatrizada enferi que não podia me isolar com tanta estrada a ser consertada, e mas uma vez me pus a restaurar aquele vidro límpido e liso, e enquanto isso meu amor por ti vinha a crescer sem qualquer controle. Quando eu menos esperava esbarrei com você. Sem ferimentos, aparentava maravilhosamente bem. Os azul dos seus olhos estava mais bonito do que em minha memória. A partir disso te ver se tornou cada vez mais frequente, e mesmo assim toda vez que te via era com se fosse a primeira vez... Algum tempo depois notei que meu coração já estava praticamente recuperado. Me preparei e criei coragem pra te dizer o que sentia e ainda sinto. Quando finalmente estava pronta você já tinha outra pessoa, e quanto a isso, já não me cabia fazer nada. Mas não me calei, atingi o meu propósito e voltei para o porto seguro, com o intuito de me proteger. Encontrei novas rachaduras, mas não era grave. Foi aí que você errou, começou a fazer as coisas como se desconhecesse meus sentimentos, e o vidro se rompeu novamente. Ao menos dessa vez meu coração não se despedaçara junto. E com o dilaceramento do pudor eu continuo a caminhar sob cacos de vidro, não mais pretendo reconstruir, vou andar calmamente, acustumar meus pés a essa dor. Porque desse modo não há mais impacto, afinal não tem o que destruir. Agora consigo ver que essa estrada é mesmo nossa... No primeiro incidente o peso de nós recaiu sobre mim, mas hoje eu vejo que você tem pagados pelos seus erros também, e são cortes profundos os que foram causados a seus pés, feridas que estão em aberto. Só espero que enfim me enxergue e me deixe ajudar. Por que? Porque eu sou a única que conhece essa estrada e sabe como reconstruí-la e fazer cicatrizar.
Por: Beatriz Pereira.

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